O governo brasileiro espionou diplomatas de três países em suas respectivas embaixadas e residências, informa reportagem da edição desta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo, com base em relatório da Agência Brasileira de Espionagem (Abin).
O documento oficial da inteligência brasileira obtido pelo jornal detalha dez operações entre os anos de 2003 e 2004 e mostra que o governo monitorou funcionários de países como Irã e Rússia.
De acordo com o relatório, diplomatas russos envolvidos em negociações de equipamentos militares foram seguidos e fotografados durante suas viagens. Segundo a reportagem, o jornal confirmou as informações com fontes da inteligência e ex-funcionários da Abin, alguns dos quais participaram das ações citadas.
As ações citadas pelo documento ocorreram no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na operação batizada de ‘Miucha’, em 2003, a Abin monitorou o cotidiano de três diplomatas russos, entre eles o ex-cônsul-geral no Rio de Janeiro, Anatoly Kashuba, e representantes da Rosoboronexport, agência estatal russa de exportação de equipamentos bélicos. A inteligência brasileira suspeitava que os russos pudessem estar espionando o país.
Em outra operação, chamada de ‘Xá’, a Abin seguiu a rotina de diplomatas iranianos, inclusive do ex-embaixador do Irã em Cuba, Seyed Davood Mohseni Salehi Monfared, que esteve no Brasil entre os dias 9 e 14 de abril de 2004.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao qual a Abin responde diretamente, confirmou as operações e afirmou que todas elas foram feitas dentro das leis brasileiras. De acordo com o governo, as operações foram feitas com o objetivo de proteger segredos de estado, como forma de ações de contrainteligência.
Histórico - Em julho, as denúncias de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) atingiram o governo brasileiro. Segundo documentos vazados pelo ex-analista da NSA Edward Snowden, os serviços de inteligência dos Estados Unidos monitoraram funcionários do governo brasileiro, incluindo a própria presidente Dilma Rousseff, e empresas, como a Petrobras.