A cabeleireira e maquiadora de cinema Noêmia Melo conquistou seu primeiro imóvel depois de juntar dinheiro por alguns anos. Pagou à vista por um apartamento de três quartos no Rio Vermelho. Há 15 anos se orgulha de dizer que possui casa própria.
“Morava no Recife e quando vim para Salvador trabalhei muito para comprar o apartamento à vista. Ainda fiz um investimento. Na época, comprei por cerca de R$ 100 mil e hoje está valendo muito mais”, explica.
Assim como Noêmia, 75% dos integrantes da classe média no Brasil possuem residência própria, segundo indica pesquisa realizada pelo instituto Data Popular que ouviu 1.800 entrevistados em todo o país no último trimestre de 2012. No Nordeste, esse índice chega a 80% de pessoas com moradia própria.
Sócio diretor do Data Popular, Wagner Sarnelli explica que a classe média tem tido um volume grande de aquisições, em função da forte participação na economia.
Caio Coutinho financiou o imóvel em 30 anos
“Hoje, cinco em cada dez domicílios brasileiros são ocupados por pessoas da classe média. Apesar de muita gente achar que as residências e apartamentos seriam alugados, a maioria deles, representados por 75%, é de propriedade dessa parcela da população”, informa.
Sarnelli pontua que há muitos casos de compras dos imóveis à vista, mas que a principal forma de aquisição desses imóveis é através do financiamento. Foi o que fez o jornalista Caio Coutinho, 29 anos, quando adquiriu seu imóvel em 2008 no bairro do Imbuí.
“O tipo de financiamento foi o que garantiu a compra do imóvel. Consegui dar uma entrada relativamente baixa e parcelas com valores acessíveis. Mas, por exemplo, precisei dividir o imóvel em 30 anos. Agora faltam 25”, brinca o jornalista.
Apesar do tempo longo para pagar o imóvel, Coutinho diz que essa foi a melhor maneira para comprar o imóvel. “Você pensa que é muito tempo, e é. Mas, quando você toma decisão ainda jovem, tem o tempo a seu favor. E também foi o que estabeleci como prioridade. Abrir mão de ter um carro, por exemplo, pagar as parcelas do apartamento e reformá-lo sem passar grande aperto”, ensina o jornalista. Hoje, Coutinho mora no apartamento com a irmã e a mãe.
Público
Segundo Sarnelli, na hora da escolha do apartamento, a classe média busca prioritariamente a localização próximo de onde já mora. “Essas pessoas buscam manter as relações pessoais e, por isso, almejam sempre permanecer nos bairros onde eles já possuem a relação pessoal”, diz.
A pesquisa identificou um fator interessante no comportamento de compra das pessoas da classe média. Ao contrário da classe C, que não abre mão de áreas de piscina nos condomínios, a classe média prefere outros itens de conforto. “Esse público sabe que, no domingo, todo mundo vai querer descer para a piscina. Por isso, eles privilegiam, por exemplo, áreas de churrascaria e de práticas esportivas, por serem mais fáceis de manter as relações pessoais de forma privativa”, pontua.
O diretor regional Bahia da OAS Empreendimentos, Pedro Aragão, indica que a estabilidade da economia brasileira favorece para um índice alto de moradias próprias na classe média.
“A estabilidade que a economia brasileira atingiu e a ampliação da oferta de emprego foram fatores que contribuíram diretamente para esse número. Além disso, o aumento da oferta de crédito pelos bancos foi definitivo para que mais pessoas pudessem realizar o sonho da casa própria”, pontua.
Aragão prevê que, para 2013, a tendência é de mais crescimento, uma vez que os bancos já falam em 15% a 17% de expansão no crédito. Para esse público, segundo explica Aragão, hoje, a OAS tem os empreendimentos Manhattan (Soho e Tribeca), Costa España, Stupendo Piatã e Evolution Business.
Mercado
Na pesquisa, o instituto Data Popular indica que 7,9 milhões de famílias da classe média pretendem adquirir um imóvel nos próximos dois anos. Segundo Sarnelli, o perfil dessa classe média é formado cada vez mais por profissionais liberais e jovens. “Principalmente jovens casais em início de vida”, comenta.
O diretor regional Bahia da OAS Empreendimentos indica que esse mercado ainda tem muito a crescer na Bahia e no Brasil. “Estudos mostram que, se o país continuar crescendo de 3,5% a 4% na próxima década, atingiremos a marca de 75% da população na classe média.
Isso quer dizer que teremos cada vez mais consumidores em potencial atingindo um patamar econômico necessário para a compra da casa própria e com acesso às facilidades de financiamento oferecidas pelas instituições bancárias” explica. Segundo ele, a classe média brasileira, hoje, é alvo de muitos setores da economia. “Com o mercado imobiliário, não é diferente”, aponta.
Classe média procura imóveis entre R$ 180 mil e R$ 500 mil
Especialistas do setor imobiliário indicam que a classe média busca por imóveis com valores entre R$ 180 mil e R$ 500 mil. O diretor-geral da Ramos Catarino Brasil, Paulo Henrique Duarte, explica que esse público procura nos imóveis, acima de tudo, localização, boas acessibilidades e infraestrutura no prédio.
Ele acredita que esse segmento deve seguir nos próximos anos.
“Acreditamos que, pelo menos nos próximos 6 a 7 anos, a demanda vai ser muito forte”, diz. Hoje, a empresa oferece para a classe média três empreendimentos.
O Villa Arboretto, no Cabula, tem duas torres de 14 andares com cinco apartamentos por pavimento. As unidades de dois quartos têm 57,50 m² de área privativa, e as unidades de três quartos medem 71,6 m². Também no Cabula tem o Condomínio Reserva Tropical com opções de 2 e 3 quartos, que medem 58,60 m² e 71,66 m², respectivamente.
Além disso, tem o Natura Jardim - em Brotas - com a estrutura de um condomínio-clube de apenas uma torre, apartamentos de dois e três quartos, com 58,8 m² e 71 m² de área privativa, respectivamente.
André Santo, diretor comercial da Liz Construções, indica que percebe que o público nessa faixa de renda busca cada vez mais conquistar imóveis.
“Observamos que as pessoas estão ganhando mais dinheiro, a distribuição de renda também melhorou no Brasil, além do aumento da classe média. Além disso, a facilidade de acesso a financiamento imobiliário ajuda a impulsionar o crédito para esse público”, diz.
Entre os empreendimentos da Liz Construções voltados, atualmente, para a classe média estão o Morada Flor de Lis e Alto da Pituba. O primeiro está sendo construído no Jardim Brasília, próximo ao Detran.
O residencial terá duas torres, apartamentos de dois quartos, quatro opções de planta, sendo de 52 m² a 54 m² de área privativa. Já o Alto da Pituba tem 18 opções de planta. Das seis unidades por andar, duas contam com 2 quartos, e as outras quatro têm três quartos. Como opção de lazer, o empreendimento tem piscina, salão de festas, sala de ginástica, parque infantil e playground.